sexta-feira, 20 de julho de 2007 13:36 Postado por Evie Stanislav
‘Como eu estou mamãe?’

‘Como a princesinha que você é, meu amor’ A mulher ajeitou o laço no cabelo da filha de 9 anos e a menina sorriu

‘E eu, mamãe?’ O garotinho de 9 anos parado ao lado da menina olhou para a mãe sorridente

‘Meu homenzinho está lindo, como sempre’ Ela se curvou para beijar a testa do menino e ajeitou a gravata de seu terno ‘Agora não esqueçam o que eu falei antes de sairmos de casa: nada de bagunça, e não corram pela casa. Vocês sabem que o vovô não gosta’

‘Ainda é preciso relembrá-los de como se portar na casa de nossos pais todas às vezes, Eva?’ Um homem alto, moreno e de cabelos e olhos escuros parou ao lado deles na porta. Ele vinha de braços dados com uma mulher de cabelos escuros e olhos azuis, e com eles tinham duas crianças também com 9 anos, mas de pele muito branca e cabelos muito pretos ‘Só foi necessário falar uma única vez com Dario e Hanna’ ele indicou as crianças com a cabeça e voltou a encarar a irmã ‘Nunca me deram trabalho’

‘Nunca é demais lembrar, Ivo’ A mulher respondeu com a voz calma ‘Você, mais do que ninguém, deveria saber disso. Mesmo papai tendo que lembrá-lo todas as vezes que não era certo fazer xixi na cama, você ainda insistia em não ir ao banheiro’

‘Por Merlin, será que estou presenciando mais uma discussão, ou cheguei a tempo de impedi-la?’ Um homem idêntico aos dois irmãos parou ao lado deles, mas que aparentava ser o mais velho. Ele segurava a mão de uma criança com cada uma das mãos. Andrei, o mais velho, tinha 14 anos e ia começar o 4º ano em Durmstrang, e Pilar, com 12 anos, ia cursar o 2º ano em Setembro. Apesar da aparência séria dos dois, eles sorriram para os primos quando chegaram ‘Será que o tempo não acabou com as divergências entre vocês dois? Seus filhos estão aqui, poupe-os disso’

‘Tem razão, Nikolai, não vale à pena discutir outra vez’ Eva sorriu e beijou o irmão e os sobrinhos antes da porta abrir e a governanta da casa recebê-los com um sorriso ‘Mamãe está nos esperando, e provavelmente somos os últimos’

Sem dizer mais nada, todos entraram na mansão. O lugar já estava cheio, o barulho das animadas conversas podia ser ouvido até mesmo do lado de fora. Era a comemoração do 52º aniversário da matriarca da família, e como todo ano, tinha-se a impressão que toda a Espanha estava presente na mansão. As crianças logo de distanciaram dos pais à procura dos primos que já se encontravam na casa e depois de cumprimentar a mãe pela festa, Eva se viu cercada por duas mulheres parecidíssimas com ela. Suas irmãs mais novas, Madalena e Sofia.

‘E então, Eva’ Madalena, a mais velha das duas, segurou o braço da irmã ‘Sozinha outra vez?’

‘Ora Madalena, deixe sua irmã em paz!’ Evangeline protestou ao que parecia ser uma cobrança freqüente

‘Mas mamãe, Eva é muito nova, não pode ficar sozinha com duas crianças em casa!’ Sofia tomou partida da irmã mais velha ‘Ela precisa de um namorado!’

‘Na verdade...’ Eva começou a falar, mas parou para rir das expressões esperançosas das irmãs, e também da mãe, antes de continuar ‘Não estou sozinha já tem algum tempo...’

‘Obrigado Senhor, por atender as minhas preces’ Madalena ergueu os braços e Eva puxou-os de volta, olhando para as pessoas que as encaravam ‘Então quando vamos conhecê-lo? Por que não trouxe hoje?’

‘Fiquei com pena, não achei apropriado apresentar meu potencial futuro marido em uma reunião com o clã inteiro presente’

‘Ouviu isso mamãe?’ Sofia bateu palma animada e se virou para a mãe ‘Eva está falando em se casar!’

‘Sim, ainda não estou surda, Sofia’ Evangeline parecia surpresa, mas feliz ‘Quando pretende nos apresentá-lo, Eva?

‘Essa semana ainda, mas vou combinar um almoço somente com vocês três. Quero que conheçam o Tony antes do papai’

‘Sabia decisão. E por falar nele...’ Madalena puxou uma taça de vinho do garçom mais próximo e seu pai parou ao seu lado muito animado

‘Por favor, Enrique!’ Ele fez sinal para o fotografo que circulava por perto e o rapaz se adiantou ‘Quero uma foto minha com a minha esposa e as três mais lindas mulheres da Espanha! Que, modéstia a parte, são todas milhas filhas’

‘Sim senhor’

‘Papai é muito modesto, realmente!’ Sofia brincou e todos riram

Andrei abraçou as três filhas muito sorridente e as três ladearam a ele e a mãe, para que o fotografo pudesse tirar a foto pedida.


~*~*~*~*~

‘Evie? Está ai?’

Sofia entrou no escritório escuro de seu pai procurando pela sobrinha, mas não foi preciso uma resposta para que ela soubesse que havia a encontrado. Evie estava sentada calada na cadeira do avô, e segurava algo nas mãos, para onde olhava fixamente.

‘O que está fazendo aqui sozinha, querida?’ A mulher se aproximou e notou que a única luz acesa era a da luminária perto da mesa

‘Queria fugir da aglomeração lá fora’ Evie respondeu dando de ombros, ainda sem tirar os olhos do que agora sua tia reconhecia como um porta-retrato ‘Essa foto foi tirada no ultimo aniversário da vovó que mamãe participou, não é?

‘Sim, foi no aniversário de 52 anos da mamãe’ Sofia olhou para a foto e sentiu vontade de chorar, mas se controlou ‘Foi a ultima foto que papai tirou com Eva, por isso a mantém em cima da mesa’

‘Ela morreu 10 dias depois, acho que foi as ultimas fotos da mamãe foram todas tiradas nessa festa’ Evie tinha a voz triste enquanto falava ‘Ela faz muita falta’

‘Sua mãe faz muita falta para mim, então posso imaginar o quanto não faz para você e Max’ Sofia acariciava os cabelos da sobrinha e também não tirava os olhos da foto ‘Sabia que ela estava pensando em se casar?’

‘Com o Tony? Sim’ Evie olhou para tia e sorriu de leve ‘Mas não conhecíamos ele, mamãe tinha medo de confundir a gente e só queria que ele nos conhecesse depois de vocês. Ele morreu junto com ela, não?’

‘Sim... Conhecemos ele naquela semana, sua mãe o levou para almoçar comigo, Madalena e a mamãe, queria que déssemos nossa opinião’

‘Sinto mais falta dela quando tem essas festas de família’ Evie reassumiu o tom de voz desanimado ‘É difícil ver todo mundo chegar com os pais, e Max e eu sempre sozinhos. Sei que papai vem sempre que pode, mas não é a mesma coisa’

‘Queria poder voltar no tempo para que sua mãe estivesse aqui, mas infelizmente não posso’ Ela beijou a testa da sobrinha e levantou da cadeira ‘Vamos lá para fora um pouco, distrair a cabeça. Seu pai já está ai, e está procurando por você’

Sofia estendeu a mão para Evie e ela acompanhou a tia para fora do escritório. A mansão já estava cheia para a comemoração do 59º aniversário da matriarca. As festas eram sempre no mesmo formato, todo aquele ritual era repetido a cada ano, com as mesmas pessoas presentes e sempre as mesmas conversas. A garota localizou seu pai parado conversando com seu tio Heinrich e se aproximou.

‘Ah, vejo que Sofia encontrou você’ Heinrich abraçou a sobrinha que ainda não tinha visto desde que chegara e apertou a mão de Josef ‘Josef, não desapareça, quero lhe mostrar uma coisa, volto daqui a pouco’

‘Não vou sair daqui’ Josef olhou para a filha e sorriu ‘E você, onde estava? Cheguei há meia hora e só encontrei seu irmão’

‘Estava com dor de cabeça e fui descansar um pouco no escritório do vovô’ Mentiu. Não queria que ele soubesse que estava pensando na mãe ‘Evelyn e Dimitri não vieram?’

‘Evelyn precisou trabalhar, de ultima hora, já estava até pronta’ Ele lamentou a ausência da esposa e olhou ao redor ‘Mas Dimitri está aqui, em algum lugar’

Evie olhou para o lado tentando encontrar o irmão, e quase foi derrubada por Santiago e Letícia, que passaram como dois furacões ao seu lado. Os primos desapareceram no meio dos convidados e Josef esticou o braço depressa, detendo a 3ª pessoa que passava correndo.

‘DIMITRI!’

O garoto de 11 anos foi puxado para trás com a força de Josef e não caiu apenas porque seu pai o segurava pela manga do paletó. Ele olhou assustado para ele. Seus rosto estava vermelho e suado, era óbvio que estava correndo há bastante tempo.

‘O que lhe falei sobre correr dentro da casa?’ O garoto encolheu os ombros e não respondeu ‘Os netos de Andrei podem quebrar coisas aqui, mas você não’

‘Mas pai, eu-’

‘Não quero desculpas. Se pegar você correndo outra vez, vamos nos entender em casa’

‘Desculpa, não vou mais correr’

O garoto sorriu para Evie e saiu andando para fora da mansão, para onde Santiago e Letícia seguiram correndo segundos antes. Evie olhou para o pai e ia dizer que seu avô não se importava mais com a correria em dias de festa como esse, mas uma 4ª rajada de vento a interrompeu. De relance ela reconheceu a figura de Dario passar apressado por ela, desviando agilmente de um garçom com quem quase colidiu. E se Dario passara correndo, logo uma 5ª pessoa passaria por eles. Josef esticou o braço mais uma vez e deteve o próximo.

‘Maxmillian!’ Dessa vez foram preciso as duas mãos para segurar seu filho de 16 anos ‘Posso saber por que está correndo atrás do seu primo? E não diga que estão brincando de pega-pega, estão velhos demais para isso’

‘Quero quebrar o dedo dele!’ Max respondeu sem cerimônias e Evie se assustou ‘Ele atirou em mim no acampamento, e teve o descaramento de dizer que queria acertar um alce quando passei na frente dele! Mentira, nem tinham alces lá! E tio Ivo ainda defendeu ele!’

Evie olhava do irmão para o pai querendo rir, mas fez um enorme esforço para se controlar. Ela não sabia desse incidente. Dario devia estar com muito medo do que Max pudesse fazer como revide para não se vangloriar do fato.

‘Faça com que sejam dois dedos então’ Ele soltou o braço do filho, que sorriu e continuou correndo atrás do primo

‘Papai!’ Evie olhou para o pai chocada, mas ele riu

‘Dois dedos são pouca coisa, aquele menino merece muito mais’ Ele riu da expressão indignada da filha e quis mudar de assunto ‘Como está a sua avó? Melhorou?’

‘Um pouco’ A garota deu de ombros e olhou para a avó, que conversava animada com algumas de suas amigas ‘Os médicos disseram que ela deve ter esquecido de tomar um remédio ou outro durante o acampamento, nada demais’

‘Evangeline já teve câncer, não pode esquecer de tomar nenhum remédio, ou a doença pode voltar’ Josef falou preocupado ‘Mas ela é forte, vai passar por mais essa’

‘É, vovó é forte, e a doença não vai voltar nunca mais’

Evie abraçou o pai sem tirar os olhos da avó. Estavam todos felizes, e tudo que ela queria era que as coisas continuassem assim.

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