Nova York
Agosto de 2001
Nosso primeiro ano em Nova York havia sido atribulado. Com aulas exaustivas tanto para Shannon e eu quanto para Evie, Dario e Georgia, não sobravam muitas horas de lazer para conhecer melhor a cidade. Conhecíamos o essencial, que se limitava a Manhattan e a área que rodeava o Central Park, mas com o fim do período obrigatório de moradia nos dormitórios das academias, tivemos a chance de percorrer todos os cantos da cidade em busca de um novo lugar para morar.
Nossa busca não foi fácil. Alojados provisoriamente no pequeno apartamento de Vivian, consultávamos todos os dias os classificados dos jornais e visitávamos inúmeros imóveis durante o mês de Julho, mas nada parecia ideal para abrigar cinco pessoas. Shannon e Dario já começavam a considerar alugar os dormitórios por mais um ano, quando Georgia encontrou uma luz no fim do túnel. Uma casa antiga de três andares no Brooklyn, com três quartos. No anuncio dizia que precisava de reforma, mas que a fachada estava em perfeitas condições.
Nossos amigos toparam o desafio de transformar aquele casarão da Família Addams, como Dario apelidou, em um lugar habitável e depois de um fim de semana inteiro de reforma, uma decisão de “pedra, papel e tesoura” onde ficou decidido que Evie e eu ocuparíamos o quarto do terceiro andar que tinha banheiro, Shannon iria dividir um quarto com Georgia e Dario ficaria um só para ele, ambos no segundo andar onde tinha mais um banheiro e muita bagunça para matar a saudade dos amigos, tínhamos uma nova casa para morar.
Setembro de 2001
O novo ano letivo já havia começado cercado de caos. Era uma terça-feira comum na Academia, mas as aulas foram interrompidas quando um estrondo assustador pode ser ouvido por quase toda Nova York. Saímos pra rua para procurar a fonte do barulho e vimos um avião se chocando com uma das torres do World Trade Center. O autor do estrondo ouvido foi outro avião, que se chocou com a outra torre.
Desde então a cidade vivia um momento critico, uma onde de caos e pânico se espalhava pelas ruas e todos viviam com medo. Todos tinham medo de andar de metro, visitar pontos turísticos e até mesmo shoppings, receando outro atentado. Eu não agüentava mais ficar preso dentro de casa e como era o fim de semana do aniversário de Georgia, combinamos de tirar da cabeça toda a tensão da semana e aproveitar o que prometia ser o ultimo sábado quente do ano.
‘Micah, que horas nós vamos voltar?’ Shannon apareceu na escada com o telefone na mão.
‘Não sei, Dario nem chegou ainda pra sairmos. Por quê?’
‘Minha mãe está surtando no telefone porque vamos passear na rua, quando tudo está um caos’ Shan fez uma careta e voltou a falar com a mãe no telefone, tentando acalmá-la.
‘Opa, opa, calma!’ A porta da sala abriu e Dario foi arrastado pra dentro por dois cachorros. Meu Pastor Alemão Han Solo e o Labrador de Evie, Thror ‘Vão, sumam! Estão livres!’
‘Por que você saiu com os dois ao mesmo tempo?’ Ri da careta cansada que ele fez, o rosto todo suado e vermelho.
‘Tente sair só com um e você vai se deparar com uma revolução canina!’
‘Vem Thor, vem Han, vamos pro quintal pra não bagunçar a sala que Georgia arrumou’
Ainda rindo dele, levei os cachorros pros fundos da casa antes que começassem a destruir os móveis. Apesar da lotação da casa, ninguém fez objeção quanto a trazermos os dois para Nova York e agora o nosso já pequeno quintal dos fundos estava menor ainda, ocupado por dois cachorros grandes e estabanados.
Quando voltei para a sala, Dario conversava com uma senhora de aparência gentil. Era até um pouco alta para a idade que aparentava, cabelos loiros e curtos e um sorriso tranqüilo. Ele fez sinal me chamando e me aproximei.
‘Micah, essa senhora veio procurar por você’ Dario falou quando parei ao seu lado ‘Vou deixar vocês a sós’
‘Vá se arrumar logo, as meninas já estão quase prontas’ Falei antes que ele sumisse pela escada e me virei para ela, indicando o sofá ‘Desculpe se não estou me lembrando da senhora. Já nos conhecemos antes?’
‘Não, ainda não tivemos o prazer de nos conhecermos’ Ela estendeu a mão para mim com um sorriso quase emocionado no rosto ‘Me chamo Norma Walker’
‘Muito prazer, Norma. Em que posso ajudar?’
‘Tenho um assunto delicado a tratar com você e não há uma forma mais suave para começar, então vou direto ao ponto. Eu sou sua avó’
Minha única reação foi encará-la sem dizer nada. Como ela era minha avó? Minha avó se chamava Morgana, não Norma, e havia falecido há quase 5 anos. Continuei a encarando sem dizer nada, até que me lembrei que minha mãe, quem quer que ela fosse, também tinha uma mãe.
‘Sou mãe da sua mãe, Emily’
‘É, recordo vagamente do nome dessa ai’ Cortei o que ela dizia ao ouvir “sua mãe Emily” ‘Mas minha mãe se chama Andrea’
‘Entendo sua revolta em relação a minha filha e antes que a transfira para mim, deixe-me contar o meu lado na historia. Emily saiu de casa assim que completou 18 anos, fugiu com um rapaz chamado Ryan. Ficamos sem noticias dela desde então, até que em 98 ela reapareceu em casa, precisando de dinheiro. Nos dois dias em que ficou na minha casa, contou que tivera dois filhos com Ryan e que os meninos haviam sido criados pela avó paterna, depois desapareceu outra vez sem dizer mais nada’ Ela fez uma pausa e seus olhos começaram a se encher de lagrimas, mas ela as segurou ‘Desde então minha família não teve mais paz, temos tentado encontrá-los de todas as formas possíveis, até contratamos um detetive particular. Já tínhamos seu nome, sabíamos que se formou em Durmstrang e que pretendia ser auror, até vimos uma foto sua na formatura, mas ninguém sabia onde estava morando. Até que essa semana, em uma foto do jornal sobre o atentado as torres gêmeas, vi uma foto sua e soube que estava mais perto do que imaginávamos. Você é igual ao seu avô quando tinha a sua idade, reconheceria até mesmo se não tivesse visto uma foto antes’ Continuei calado e ela emendou ‘Você tem uma família, Micah’
‘Eu tenho uma família, sempre tive’ Disse finalmente e ela assentiu.
‘Sei que isso é muita informação ao mesmo tempo, mas gostaríamos que, quando estiver pronto, venha conhecer sua outra família’
‘Desculpe, mas não posso resolver isso agora’ Levantei abruptamente do sofá e ela se assustou ‘Estávamos de saída, é aniversário da minha amiga e vamos comemorar’
‘Não precisa decidir nada agora, pense com calma depois’ Ela levantou do sofá também e deixou um cartão na mesa ‘Vou estar na cidade até terça, minha casa fica em Boston. Se quiser conversar, é só me ligar’
Com o mesmo sorriso gentil de quando chegou, Norma olhou para mim uma última vez e caminhou até a porta, saindo sem dizer mais nada. Não sei quanto tempo fiquei encarando a porta fechada, mas quando Evie me segurou pelo braço, já estavam todos prontos me esperando pra sair e querendo saber o que tinha acontecido. E eu não sabia nem como começar a explicar.
Agosto de 2001
Nosso primeiro ano em Nova York havia sido atribulado. Com aulas exaustivas tanto para Shannon e eu quanto para Evie, Dario e Georgia, não sobravam muitas horas de lazer para conhecer melhor a cidade. Conhecíamos o essencial, que se limitava a Manhattan e a área que rodeava o Central Park, mas com o fim do período obrigatório de moradia nos dormitórios das academias, tivemos a chance de percorrer todos os cantos da cidade em busca de um novo lugar para morar.
Nossa busca não foi fácil. Alojados provisoriamente no pequeno apartamento de Vivian, consultávamos todos os dias os classificados dos jornais e visitávamos inúmeros imóveis durante o mês de Julho, mas nada parecia ideal para abrigar cinco pessoas. Shannon e Dario já começavam a considerar alugar os dormitórios por mais um ano, quando Georgia encontrou uma luz no fim do túnel. Uma casa antiga de três andares no Brooklyn, com três quartos. No anuncio dizia que precisava de reforma, mas que a fachada estava em perfeitas condições.
Nossos amigos toparam o desafio de transformar aquele casarão da Família Addams, como Dario apelidou, em um lugar habitável e depois de um fim de semana inteiro de reforma, uma decisão de “pedra, papel e tesoura” onde ficou decidido que Evie e eu ocuparíamos o quarto do terceiro andar que tinha banheiro, Shannon iria dividir um quarto com Georgia e Dario ficaria um só para ele, ambos no segundo andar onde tinha mais um banheiro e muita bagunça para matar a saudade dos amigos, tínhamos uma nova casa para morar.
ºººººº
Setembro de 2001
O novo ano letivo já havia começado cercado de caos. Era uma terça-feira comum na Academia, mas as aulas foram interrompidas quando um estrondo assustador pode ser ouvido por quase toda Nova York. Saímos pra rua para procurar a fonte do barulho e vimos um avião se chocando com uma das torres do World Trade Center. O autor do estrondo ouvido foi outro avião, que se chocou com a outra torre.
Desde então a cidade vivia um momento critico, uma onde de caos e pânico se espalhava pelas ruas e todos viviam com medo. Todos tinham medo de andar de metro, visitar pontos turísticos e até mesmo shoppings, receando outro atentado. Eu não agüentava mais ficar preso dentro de casa e como era o fim de semana do aniversário de Georgia, combinamos de tirar da cabeça toda a tensão da semana e aproveitar o que prometia ser o ultimo sábado quente do ano.
‘Micah, que horas nós vamos voltar?’ Shannon apareceu na escada com o telefone na mão.
‘Não sei, Dario nem chegou ainda pra sairmos. Por quê?’
‘Minha mãe está surtando no telefone porque vamos passear na rua, quando tudo está um caos’ Shan fez uma careta e voltou a falar com a mãe no telefone, tentando acalmá-la.
‘Opa, opa, calma!’ A porta da sala abriu e Dario foi arrastado pra dentro por dois cachorros. Meu Pastor Alemão Han Solo e o Labrador de Evie, Thror ‘Vão, sumam! Estão livres!’
‘Por que você saiu com os dois ao mesmo tempo?’ Ri da careta cansada que ele fez, o rosto todo suado e vermelho.
‘Tente sair só com um e você vai se deparar com uma revolução canina!’
‘Vem Thor, vem Han, vamos pro quintal pra não bagunçar a sala que Georgia arrumou’
Ainda rindo dele, levei os cachorros pros fundos da casa antes que começassem a destruir os móveis. Apesar da lotação da casa, ninguém fez objeção quanto a trazermos os dois para Nova York e agora o nosso já pequeno quintal dos fundos estava menor ainda, ocupado por dois cachorros grandes e estabanados.
Quando voltei para a sala, Dario conversava com uma senhora de aparência gentil. Era até um pouco alta para a idade que aparentava, cabelos loiros e curtos e um sorriso tranqüilo. Ele fez sinal me chamando e me aproximei.
‘Micah, essa senhora veio procurar por você’ Dario falou quando parei ao seu lado ‘Vou deixar vocês a sós’
‘Vá se arrumar logo, as meninas já estão quase prontas’ Falei antes que ele sumisse pela escada e me virei para ela, indicando o sofá ‘Desculpe se não estou me lembrando da senhora. Já nos conhecemos antes?’
‘Não, ainda não tivemos o prazer de nos conhecermos’ Ela estendeu a mão para mim com um sorriso quase emocionado no rosto ‘Me chamo Norma Walker’
‘Muito prazer, Norma. Em que posso ajudar?’
‘Tenho um assunto delicado a tratar com você e não há uma forma mais suave para começar, então vou direto ao ponto. Eu sou sua avó’
Minha única reação foi encará-la sem dizer nada. Como ela era minha avó? Minha avó se chamava Morgana, não Norma, e havia falecido há quase 5 anos. Continuei a encarando sem dizer nada, até que me lembrei que minha mãe, quem quer que ela fosse, também tinha uma mãe.
‘Sou mãe da sua mãe, Emily’
‘É, recordo vagamente do nome dessa ai’ Cortei o que ela dizia ao ouvir “sua mãe Emily” ‘Mas minha mãe se chama Andrea’
‘Entendo sua revolta em relação a minha filha e antes que a transfira para mim, deixe-me contar o meu lado na historia. Emily saiu de casa assim que completou 18 anos, fugiu com um rapaz chamado Ryan. Ficamos sem noticias dela desde então, até que em 98 ela reapareceu em casa, precisando de dinheiro. Nos dois dias em que ficou na minha casa, contou que tivera dois filhos com Ryan e que os meninos haviam sido criados pela avó paterna, depois desapareceu outra vez sem dizer mais nada’ Ela fez uma pausa e seus olhos começaram a se encher de lagrimas, mas ela as segurou ‘Desde então minha família não teve mais paz, temos tentado encontrá-los de todas as formas possíveis, até contratamos um detetive particular. Já tínhamos seu nome, sabíamos que se formou em Durmstrang e que pretendia ser auror, até vimos uma foto sua na formatura, mas ninguém sabia onde estava morando. Até que essa semana, em uma foto do jornal sobre o atentado as torres gêmeas, vi uma foto sua e soube que estava mais perto do que imaginávamos. Você é igual ao seu avô quando tinha a sua idade, reconheceria até mesmo se não tivesse visto uma foto antes’ Continuei calado e ela emendou ‘Você tem uma família, Micah’
‘Eu tenho uma família, sempre tive’ Disse finalmente e ela assentiu.
‘Sei que isso é muita informação ao mesmo tempo, mas gostaríamos que, quando estiver pronto, venha conhecer sua outra família’
‘Desculpe, mas não posso resolver isso agora’ Levantei abruptamente do sofá e ela se assustou ‘Estávamos de saída, é aniversário da minha amiga e vamos comemorar’
‘Não precisa decidir nada agora, pense com calma depois’ Ela levantou do sofá também e deixou um cartão na mesa ‘Vou estar na cidade até terça, minha casa fica em Boston. Se quiser conversar, é só me ligar’
Com o mesmo sorriso gentil de quando chegou, Norma olhou para mim uma última vez e caminhou até a porta, saindo sem dizer mais nada. Não sei quanto tempo fiquei encarando a porta fechada, mas quando Evie me segurou pelo braço, já estavam todos prontos me esperando pra sair e querendo saber o que tinha acontecido. E eu não sabia nem como começar a explicar.