Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina, paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Palavras Ao Vento - Cássia Eller
‘E então? O que quer fazer hoje?’
Aquela pergunta se tornara freqüente desde que Evie exigiu mais atenção do namorado. Na primeira semana ela estava adorando toda a atenção que lhe era dedicada, Josh sempre foi muito atencioso e voltara a ser o namorado de alguns meses atrás. O problema era que toda aquela dedicação começava a cansá-la. E Evie sentia-se extremamente mal por estar se irritando com ele, pois fora ela mesma quem reclamara antes. Mas estava realmente ficando enjoativo.
‘Podemos ir naquele restaurante novo, ou ficar em casa sem fazer nada, só passando mais tempo a sós’ Josh a abraçou e a beijou ‘O que prefere?’
‘Prefiro que você vá ao jogo de hoje’ Respondeu sem perceber
‘Como é?’ Ele pareceu confuso. Não era ela quem não queria mais ouvir falar em Beisebol?
‘Acho que fui um pouco exagerada quando disse que não queria mais que você fosse aos jogos’ Mentiu, mas não poderia dizer a verdade ‘Nossas férias acabam em quatro dias e você não vai querer perder o ultimo jogo que pode assistir, não é?’
‘Não. Mas prefiro ficar com você. Prometi que não ia mais e vou cumprir minha palavra’
‘Não Josh, tudo bem’ Evie tentava não soar desesperada ‘Estava pensando em visitar a Vivi hoje, e sei que você detesta me acompanhar quando vou a casa dela. Vá ao jogo, não me importo, de verdade. Amanhã fazemos alguma coisa’
‘Tem certeza disso?’ Ele olhou para ela desconfiado ‘Porque não me importo de perder o jogo por você’
‘Tenho’ Ela o beijou e levantou do sofá, pegando a bolsa ‘Vá logo, ou vai perder o início da partida’
Josh pulou do sofá sorridente e em menos de cinco minutos já estava com as chaves do carro e os ingressos na mão. Ele se despediu dela e correu para a garagem. Se dirigisse rápido, ainda encontraria Max e Kevin do lado de fora do Dodgers Stadium. Evie esperou até que ouvisse o carro saindo da casa e foi até o quarto. Ela não tinha a menor intenção de visitar Vivian, sabia que ela não estava na Califórnia aquele verão ou teria feito a visita logo no primeiro dia. Tudo que ela queria era passar uma tarde sem que se sentisse sufocada. Queria andar a toa na rua, sozinha, sem nada planejado, mas nunca poderia dizer isso a ele ou o magoaria.
Depois de vestir uma roupa mais confortável, ela saiu da casa dos Pace sem lugar certo para ir. Mas enquanto fazia o que deveria ser uma caminhada sem rumo, ela logo percebeu que sabia aonde queria chegar. Antes mesmo que pudesse assimilar o que estava fazendo, já havia chegado à mesma quadra onde ficou sentada sozinha enquanto Max, Josh e sua família almoçavam, logo no primeiro dia em Los Angeles.
Naquele dia, no entanto, eram pessoas diferentes que jogavam. Ela logo reconheceu Martin em meio aos garotos, jogando no time com camisetas brancas dos Lakers. E no time adversário, com as camisetas amarelas do mesmo time, Evie encontrou o que procurava. Ela não queria admitir, e talvez nunca o fizesse, mas havia caminhado até o calçadão da praia, e em especial para as quadras de basquete de rua, na esperança de rever o garoto que lhe chamou a atenção.
Martin viu que ela assistia ao jogo e acenou, indicando que falaria com ela quando terminasse. Ela ficou no mesmo lugar até que o jogo acabasse apenas observando os garotos. Quando a partida foi encerrada e Martin correu até ela, o garoto desapareceu. Era como se ele nem estivesse jogando segundos antes, dada a maneira com que evaporou de seu campo de visão. ‘Droga’ murmurou sozinha.
‘Pensei que estaria em alguma gôndola hoje’ Martin tirou uma toalha da mochila e secou o rosto, rindo ‘Ou a programação de hoje era um jantar à luz de velas?’
‘Pare com isso’ Disse séria, mas não segurou o riso muito tempo ‘Seu irmão estava me levando a loucura! Ele já conjurava um lenço para mim, antes mesmo que eu espirrasse! Caso você espirre, amor... Sou precavido’ Ela imitou a voz de Josh e Martin riu, mas sentiu-se culpada em seguida
‘Meu irmão é um pouco carente’ Ele mantilha a toalha na cabeça enquanto falava ‘Não entendo bem o porquê, mas é. E se você exige atenção dele, ele acha que entende a sensação de abandono e exagera um pouco. E especialmente quando se trata de você. Podemos não nos entender sempre, mas sei o quanto meu irmão gosta de você, Evie’
‘É, eu sei disso’ Disse se sentindo mais culpada ainda por estar reclamando do excesso de atenção ‘Não é justo eu reclamar, sei que ele só queria me agradar’
‘Não se julgue por não gostar dele do mesmo jeito que ele gosta de você’ Falou enquanto pegava a garrafa de água na mochila e bebia ‘Isso é normal, você não é obrigada a sentir o mesmo que ele’
‘Que história é essa, Martin?’ Evie tentou soar indignada, mas acabou deixando transparecer que estava mesmo era surpresa com a indireta dele ‘Você é o que? Psicólogo?’
‘Ainda não, mas pretendo ser um daqui a três anos’ Disse rindo do espanto dela
‘Tem alguma coisa que você esqueceu de me contar?’
‘Tem sim. Estou cursando psicologia na UCLA’ Martin olhava para a areia da praia enquanto falava ‘Comecei ano passado, já terminei dois semestres’
‘Martin, que demais! Mas por que não me contou antes?’
‘Porque ninguém sabe’ Ele agora a encarava ‘Mamãe acha que é perda de tempo ter uma formação em algo trouxa, mas eu não concordo. E se ela souber, vai me infernizar até que eu desista’
‘Mas se Margo não sabe, como está pagando a Universidade?’
‘Paul. Ele também acha importante me especializar em algo tanto no mundo bruxo quanto no trouxa, e está pagando. Fizemos um trato: ele não conta nada a minha mãe, e quando começar a trabalhar, pago a ele tudo que ele gastar comigo durante meus quatro anos lá’ Ele agora sorria um pouco ‘Ele não gostou muito da parte onde disse que pagaria, mas forcei-o a aceitar’
‘Então só ele sabe? E agora eu?’
‘Sim, é por ai...’
‘Que honra! Bom, então não se preocupe que não vou contar nada a ninguém!’ Ela sorriu ‘Mas quero desconto nas consultas’
‘Você vai ser minha primeira paciente. E podemos começar agora, já que acertei algo que você não quer admitir pra si mesma, certo?’
‘Talvez seja melhor esperar até que você esteja formado’ Evie fingiu estar indecisa e Martin riu
‘Tudo bem, eu espero. Talvez essa seja minha tese de conclusão de curso...’
‘Engraçadinho’ Disse tomando a garrafa de sua mão e espirrando água nele ‘Vamos dar uma volta, as conversas tendem a serem mais agradáveis e fáceis enquanto estamos caminhando’
Eles levantaram do banco saíram para dar uma volta, passando por ruas que ela conheceu muito tempo antes, quando a vida era simples, quando nada era tão confuso e complicado. E então ela percebeu que os bons tempos tinham terminado. As coisas haviam mudado e nunca mais seriam as mesmas.
Em cada esquina, paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Palavras Ao Vento - Cássia Eller
‘E então? O que quer fazer hoje?’
Aquela pergunta se tornara freqüente desde que Evie exigiu mais atenção do namorado. Na primeira semana ela estava adorando toda a atenção que lhe era dedicada, Josh sempre foi muito atencioso e voltara a ser o namorado de alguns meses atrás. O problema era que toda aquela dedicação começava a cansá-la. E Evie sentia-se extremamente mal por estar se irritando com ele, pois fora ela mesma quem reclamara antes. Mas estava realmente ficando enjoativo.
‘Podemos ir naquele restaurante novo, ou ficar em casa sem fazer nada, só passando mais tempo a sós’ Josh a abraçou e a beijou ‘O que prefere?’
‘Prefiro que você vá ao jogo de hoje’ Respondeu sem perceber
‘Como é?’ Ele pareceu confuso. Não era ela quem não queria mais ouvir falar em Beisebol?
‘Acho que fui um pouco exagerada quando disse que não queria mais que você fosse aos jogos’ Mentiu, mas não poderia dizer a verdade ‘Nossas férias acabam em quatro dias e você não vai querer perder o ultimo jogo que pode assistir, não é?’
‘Não. Mas prefiro ficar com você. Prometi que não ia mais e vou cumprir minha palavra’
‘Não Josh, tudo bem’ Evie tentava não soar desesperada ‘Estava pensando em visitar a Vivi hoje, e sei que você detesta me acompanhar quando vou a casa dela. Vá ao jogo, não me importo, de verdade. Amanhã fazemos alguma coisa’
‘Tem certeza disso?’ Ele olhou para ela desconfiado ‘Porque não me importo de perder o jogo por você’
‘Tenho’ Ela o beijou e levantou do sofá, pegando a bolsa ‘Vá logo, ou vai perder o início da partida’
Josh pulou do sofá sorridente e em menos de cinco minutos já estava com as chaves do carro e os ingressos na mão. Ele se despediu dela e correu para a garagem. Se dirigisse rápido, ainda encontraria Max e Kevin do lado de fora do Dodgers Stadium. Evie esperou até que ouvisse o carro saindo da casa e foi até o quarto. Ela não tinha a menor intenção de visitar Vivian, sabia que ela não estava na Califórnia aquele verão ou teria feito a visita logo no primeiro dia. Tudo que ela queria era passar uma tarde sem que se sentisse sufocada. Queria andar a toa na rua, sozinha, sem nada planejado, mas nunca poderia dizer isso a ele ou o magoaria.
Depois de vestir uma roupa mais confortável, ela saiu da casa dos Pace sem lugar certo para ir. Mas enquanto fazia o que deveria ser uma caminhada sem rumo, ela logo percebeu que sabia aonde queria chegar. Antes mesmo que pudesse assimilar o que estava fazendo, já havia chegado à mesma quadra onde ficou sentada sozinha enquanto Max, Josh e sua família almoçavam, logo no primeiro dia em Los Angeles.
Naquele dia, no entanto, eram pessoas diferentes que jogavam. Ela logo reconheceu Martin em meio aos garotos, jogando no time com camisetas brancas dos Lakers. E no time adversário, com as camisetas amarelas do mesmo time, Evie encontrou o que procurava. Ela não queria admitir, e talvez nunca o fizesse, mas havia caminhado até o calçadão da praia, e em especial para as quadras de basquete de rua, na esperança de rever o garoto que lhe chamou a atenção.
Martin viu que ela assistia ao jogo e acenou, indicando que falaria com ela quando terminasse. Ela ficou no mesmo lugar até que o jogo acabasse apenas observando os garotos. Quando a partida foi encerrada e Martin correu até ela, o garoto desapareceu. Era como se ele nem estivesse jogando segundos antes, dada a maneira com que evaporou de seu campo de visão. ‘Droga’ murmurou sozinha.
‘Pensei que estaria em alguma gôndola hoje’ Martin tirou uma toalha da mochila e secou o rosto, rindo ‘Ou a programação de hoje era um jantar à luz de velas?’
‘Pare com isso’ Disse séria, mas não segurou o riso muito tempo ‘Seu irmão estava me levando a loucura! Ele já conjurava um lenço para mim, antes mesmo que eu espirrasse! Caso você espirre, amor... Sou precavido’ Ela imitou a voz de Josh e Martin riu, mas sentiu-se culpada em seguida
‘Meu irmão é um pouco carente’ Ele mantilha a toalha na cabeça enquanto falava ‘Não entendo bem o porquê, mas é. E se você exige atenção dele, ele acha que entende a sensação de abandono e exagera um pouco. E especialmente quando se trata de você. Podemos não nos entender sempre, mas sei o quanto meu irmão gosta de você, Evie’
‘É, eu sei disso’ Disse se sentindo mais culpada ainda por estar reclamando do excesso de atenção ‘Não é justo eu reclamar, sei que ele só queria me agradar’
‘Não se julgue por não gostar dele do mesmo jeito que ele gosta de você’ Falou enquanto pegava a garrafa de água na mochila e bebia ‘Isso é normal, você não é obrigada a sentir o mesmo que ele’
‘Que história é essa, Martin?’ Evie tentou soar indignada, mas acabou deixando transparecer que estava mesmo era surpresa com a indireta dele ‘Você é o que? Psicólogo?’
‘Ainda não, mas pretendo ser um daqui a três anos’ Disse rindo do espanto dela
‘Tem alguma coisa que você esqueceu de me contar?’
‘Tem sim. Estou cursando psicologia na UCLA’ Martin olhava para a areia da praia enquanto falava ‘Comecei ano passado, já terminei dois semestres’
‘Martin, que demais! Mas por que não me contou antes?’
‘Porque ninguém sabe’ Ele agora a encarava ‘Mamãe acha que é perda de tempo ter uma formação em algo trouxa, mas eu não concordo. E se ela souber, vai me infernizar até que eu desista’
‘Mas se Margo não sabe, como está pagando a Universidade?’
‘Paul. Ele também acha importante me especializar em algo tanto no mundo bruxo quanto no trouxa, e está pagando. Fizemos um trato: ele não conta nada a minha mãe, e quando começar a trabalhar, pago a ele tudo que ele gastar comigo durante meus quatro anos lá’ Ele agora sorria um pouco ‘Ele não gostou muito da parte onde disse que pagaria, mas forcei-o a aceitar’
‘Então só ele sabe? E agora eu?’
‘Sim, é por ai...’
‘Que honra! Bom, então não se preocupe que não vou contar nada a ninguém!’ Ela sorriu ‘Mas quero desconto nas consultas’
‘Você vai ser minha primeira paciente. E podemos começar agora, já que acertei algo que você não quer admitir pra si mesma, certo?’
‘Talvez seja melhor esperar até que você esteja formado’ Evie fingiu estar indecisa e Martin riu
‘Tudo bem, eu espero. Talvez essa seja minha tese de conclusão de curso...’
‘Engraçadinho’ Disse tomando a garrafa de sua mão e espirrando água nele ‘Vamos dar uma volta, as conversas tendem a serem mais agradáveis e fáceis enquanto estamos caminhando’
Eles levantaram do banco saíram para dar uma volta, passando por ruas que ela conheceu muito tempo antes, quando a vida era simples, quando nada era tão confuso e complicado. E então ela percebeu que os bons tempos tinham terminado. As coisas haviam mudado e nunca mais seriam as mesmas.